sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Céu de baunilha

As vezes confundo a realidade. Será que estou assistindo de novo, ou estou sonhando? Mas como ficar ileso ao entrar em contato com o céu de Monet nas mãos de Cameron Crowe. Pergunta quase impossível de ser respondida. Nessa semana, confirmei o que já sabia. Cada um tem sua visão das coisas do mundo. “Ou a história te pega, ou não”.

Roteiro, fotografia, enredo e claro a trilha sonora. Uma combinação que é capaz de te tomar de assalto em alguma tarde vazia. Não foi diferente quando o Sr. Crowe pôs a minha disposição Vanilla Sky. É verdade que a história e os atores já me fariam assisti-lo mais de uma vez. Mas confesso, a trilha sonora me arrebatou como um míssil que ilumina as noites do oriente médio.



Vivendo e aprendendo. Clichê, eu sei, mas essa semana aprendi mais coisas. Tudo está ligado... Conheci o Jeff Buckley através de um amigo de infância que me ensinou quase tudo o que sei de música. Digo, quase tudo mesmo! Por tanto, se hoje sou um chato a culpa é dele! Mas voltando ao assunto, passei a acreditar em amor a primeira vista. As sucessões de encontros fazem só aumentar o apego.

Há mais ou menos uns dez anos o Japa me deu uma fitinha cassete que tinha So Real e Grace. Depois veio Cameron com Last Goodbye. Hoje sou eu quem presenteio um novo amigo com um dvd do Sr. Buckley. "A vida, meu caro,é uma roda gigante".

Clichê de novo... Revirando as gavetas para a mudança, dou de cara com a tal fitinha. Para minha surpresa, nela também estava gravada uma banda inglesa que minha namorada me presenteou com um dvd na semana passada. Coincidências ou não, foi mais um amor a primeira vista proporcionado pelo Eduardo...



Hum, esqueci de comentar que essa também está na trilha, escolhida a dedo, para Vanilla Sky. Coincidências...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Toca Raul...


Dando uma daquelas voltas pelo site da Mtv, me deparei com um texto, que a principio parecia ser só mais uma noticia. Porém ao lê-lo, percebi que o buraco era mais em baixo. Até me passou pela cabeça fazer uma homenagem. Afinal, o Raulzito merece. Mas sei também que não a faria melhor. Por isso, como diria o professor, copiei ibisis litteris...

“A gente não nasceu há dez mil anos atrás. Se tivéssemos nascido, talvez teríamos sido malucos belezas ou simples caretas. Talvez tivéssemos visto aquele Phono 73, onde ele desenhou o símbolo na barriga daquilo que viria a ser a chave da tal Sociedade Alternativa. E talvez teríamos até acreditado que John Lennon realmente se interessou pela comunidade, supostamente reconhecida num seminário internacional de sociedades secretas. Talvez teríamos visto, apenas quatro meses antes da partida, o barbudo Raul cantando, pela primeira e única vez, com o barbudo Paulo Coelho, no palco. E a música, ironicamente ou propositalmente, era o hino que já causava arrepios no letrista melhor amigo de Seixas: Sociedade Alternativa.

Raul sempre seguiu sua própria religião e modo de vida. "Já fui Pantera, já fui hippie, beatnik, tinha o símbolo da paz pendurado no pescoço. Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação. Já fui católico, budista, protestante, tenho livros na estante, todos tem explicação" (É Fim de Mês). Ele falava o que pensava, fazia o que queria, e sabia que os assuntos mais profundos podem ser entendidos na simplicidade de sua explicação.



Foi assim que o romântico careta, participante do fã-clube do Elvis, casado três vezes e seguidor de seus próprios princípios conquistou o espaço que, sem humildade, já sonhava. O magrelo barbudo já apanhou por ser impostor dele mesmo, mas antes uma "metamorfose ambulante, do que ter a velha opinião formada sobre tudo". Foi assim que ele fez diferença. Com diversas parcerias, desde o amigo Jerry Adriani ao conterrâneo Marcelo Nova, já foi tachado de brega, criticado por uns, adorado por outros. Com o último, ele produziu seu também último trabalho, "A Panela do Diabo", lançado após sua morte.



Teríamos visto ele comendo lixo com um palhaço em Nova York, pelo simples fato de o artista ter oferecido (segundo suas próprias histórias fantásticas). A gente teria acreditado no encontro mágico entre ele e Paulo Coelho: correndo atrás de um disco voador, ao invés do (real) careta encontro na redação de uma revista alternativa e decadente. Raul tinha um forte inimigo: sempre foi a mosca na sopa no dicionário da censura, mas driblou até onde pode e como ninguém as próprias letras. Palavras como "gente", "povo", "universidade", "aranha" já não podiam ser mais usadas. "Eu fui o precursor da aranha, depois de Deus".



"Eu sei que determinada rua que eu já passei não tornará a ouvir o som dos meus passos" (Canto para Minha Morte). Mas não é bem assim. Os passos de Raul, nunca seguidos com o mesmo foco, permanecem na memória brasileira, que só valoriza seus ídolos depois que eles se vão. O bom moço que passou em diversas faculdades e teve a cara de chegar para a própria mãe e dizer o quanto "é fácil ser medíocre" se foi, há 20 anos.

Foi pancreatite, sozinho, em seu quarto de hotel. Mas a gente sabe que ele não se acabou. Foi uma escolha: "faz o que tu queres, pois é tudo da lei". Ele escolheu e sofreu as consequências disso, mas sabia que o fim estava chegando. Ele morreu para deixar um legado sem igual na música brasileira, com seu rock misturado com baião e maxixe. Quem diria que um dos maiores roqueiros do país viria da terra do axé?! "Hoje em dia, eu não falo muito, eu penso". Isso foi o que ele disse, já gordo, em sua última entrevista antes de partir dessa.

"A morte, surda, caminha ao meu lado. E eu não sei em que esquina ela vai me beijar" (Canto para Minha Morte). Mas não importa. A gente sabe que "todo homem e toda mulher é uma estrela". Obrigado Raul!”

*Quem escreveu: Luiz Fernando Tavares, 19 anos, e Carol Tavares, 23, são irmãos e fãs de um trabalho que morreu antes que eles aprendessem a falar a palavra "aranha", mas permanece vivo na memória.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Santa chuva...

"É preciso um pouco de vinho ao ouvir o som do ar batendo em meus vidros".

Desde que me conheço por gente, tenho a chuva como algo realmente mágico. Tudo se torna mais encantador com ela. Ao menos quando se é criança. Uma partida de futebol na qual o jogador é traído por uma poça escondida sob a grama. Uma volta de bicicleta em que os pneus tornam-se uma máquina de sujar camisetas. Sem contar os raios, relâmpagos e trovoes que iluminam a noite mostrando até onde pode se chegar quando ainda existem sonhos.



Não sei por que, mas para mim, o barulho característico dos pingos ao beijarem os telhados das casas, é como uma sinfonia regida por algum maestro bêbado em um brinde à vida. Telhados estes, que nem precisam ser de Paris. Precisam apenas, nos proteger de qualquer coisa, menos dos timbres chuvosos causados pelas gotas que escorrem pelas calhas das casas.



Nos meus vinte e poucos anos, já perdi as contas de quantas vezes já vi, li e escutei palavras celebrando os pingos suicidas que caem de alturas impossíveis. Chuvas que duram meses sem dar trégua e refletem o olhar solitário de personagens ou até mesmo chuvas de sapos. Existe coisa mais mágica que ouvir sua avó dizendo “minhas juntas estão doendo. Vai amanhecer chovendo”! Provavelmente exista. Mas a simplicidade sempre me chamou mais a atenção...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Boas vindas à saudade



Hoje, acordei cedo como de costume. É mais ou menos. Exclua os domingos, afinal ninguém é de ferro. Pois é, escovar os dentes e pensar nas coisas de gente grande. Compromissos a serem cumpridos. Mesmo assim, a idéia não saia da cabeça. Fui na rádio combinar com o “chefe” os últimos detalhes para o Ctrl do final de semana e escapou essa: “Tô afim de criar um blog”.

Então, era isso que não saia da minha cabeça nos últimos dias! Agora, aqui estou escrevendo primeiro texto. Mas o melhor é que nem precisei pensar muito sobre o tema do primeiro texto. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Por isso, a demora para a escolha das palavras, que às vezes, inexplicavelmente teimam em se esconder em algum cantinho escuro da memória.

Além da idéia de criar o blog, para desafogar impressões e vontades, havia outra coisa no ar. Pensamentos nostálgicos, mas na melhor tradução da palavra. Saudade, muita saudade. Dos tempos em que ia visitar a vó, muito bem sentado na garupa do pai. Das tardes jogando bolita com os guris da minha rua. Do subir e descer ruas com a guitarra nas costas. Ainda bem que não escolhi a batera, coitado do Bruno.

Destino! Nem sei se acredito. Prefiro fazer como o Camelo “Deixe estar”. Mas, não tenho como negar que ao ler o jornal do final de semana, a saudade fez sentido. O titulo resumia de forma perfeita tudo isso “Uma época bem divertida”. Lá, re-encontrei uma grande parte da minha vida. Ao acabar de ler, sem demora corri para fazer uso do que a tecnologia nos traz de melhor. Lá estavam todos eles a disposição dos toques no teclado no computador.

Uma lista de 67 filmes que me dei, primeiro ao trabalho de contar, depois de procurar um a um no youtube. Namorada de Aluguel, Edward Mãos de Tesoura, De Volta Para o Futuro, Mad Max, Os Caça Fantasmas, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Quero Ser Grande, etc. A lista é grande. Confesso que alguns não cheguei a ver. Mas, acredito que nas saudosas sessões da tarde alguém viu.

Coincidência ou não, nessa quinta-feira dia 06 de agosto de 2009 leio a noticia da morte do diretor John Hughes. O Sr. Hughes foi responsável por uma obra de arte chamada Curtindo a Vida Adoidado. Não falo Em termos técnicos, afinal quem sou eu. Mas, quem um dia não sonhou em ser como Ferris Bueller. Só em dar vida a cena em que Ferris canta Twist and Shout durante um desfile já o torna inesquecível.


Para o primeiro texto já me estendi demais. Acho até que gastei todas as palavras que conhecia. Será que ainda consigo escrever de novo? Não sei! Afinal, destino...Só não posso cometer a heresia de não citar Conta Comigo. Porque, amizades sinceras nos interessam. Destino, coincidência, juro que não sei. O que sei é que lá estava aquela voz familiar de novo.

Como não consegui colocar o vídeo do tema do filme Conta Comigo ae vai o link

http://www.youtube.com/watch?v=O4_ghOG9JQM